Como vocês devem ter percebido estou meio mal-humorado nas últimas semanas :-), por isso quebrei a série de emails sobre os problemas que tivemos com as homologações de nossas provas desde 2004 para anunciar a data do Audax Lajeado para 2010. Apesar de não ter a confirmação que essa data será aceita anunciei-a como uma forma de me comprometer com a realização dessa prova, pois todo o ano é a mesma
lenga-lenga, eu fico me enrolando até o último dia para confirmar a data e a prova sempre acaba saindo.
Me surpreendi ao ter recebido, via email, 2 manifestações de ciclistas sobre a prova que vai levar mais de 6 meses para acontecer. Um do ciclistas a se manifestar garantiu que em 2010 estará mais uma vez por aqui, já a outra manifestação sugere, depois de elogiar a beleza da região, que a estrada de terra seja retirada da prova. Sobre a conveniência de manter ou não a estrada de terra e argumentos de porquê ela está no nosso roteiro foram dadas ano passado na semana imediata a realização da prova.
O texto abaixo foi extraído de um email enviado ao nosso
grupo de discussões na Internet.
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Como tem muitos conceitos filosóficos, culturais e pessoais envolvidos nessa questão vou escrever apenas sobre os aspectos práticos de uma mudança de percurso.
- Tentem achar um percurso que tenha de 200 a 205 km sem ter que inventar muito. Se tiver mais de 205km tratem de achar uma boa desculpa. :-))
- Tentem achar um percurso que tenha pontos de apoio distribuídos em locais estratégicos que consigam atender 150 pessoas em 30 minutos (PC1).
- Tentem achar um percurso que mantenha uma das características principais da prova que é quase não repetir os trechos pedalalados.
- Tentem achar algo mais do que simplesmente "estradas" para serem pedaladas. Na nossa prova cruzamos 4 vezes o rio que dá nome ao nosso vale, passamos por 13 cidades, incluindo a cidade que o Pedalajeado "adotou" para suas pedaladas. Na minha opinião, nós oferemos muito mais do que estradas, nós oferecemos uma visão privilegiada do Vale do Taquari para quem nunca veio aqui.
Muito bem suponhamos que os 4 elementos acima foram encontrados. Vamos então para os próximos passos.
- Entre em contato com esses novos pontos de apoio, conquiste a confiança deles, explique o que é Audax e convença-os a abrir as portas no domingo pela manhã.
- Pegue o carro num sábado à tarde, mapeie o trecho com GPS, faça a altimetria, convença o mala do Bagatini a fazer os vídeos no GE, peça ao Udo para refazer a carta de rota, mais uma vez ao mala do Bagatini para refazer a altimetria utilizando-se os dados do GPS.
Isso tudo foi feito ao longo desses últimos 4 anos. No fim de 2005, início de 2006, fiz sózinho o percurso 3 vezes de carro e 3 vezes de bicicleta em menos de 6 meses. Depois falei com o Ney que me acompanhou com o seu GPS para fazer o primeiro mapeamento da prova. Após o percurso definido tive a adesão fundamental do Fabiano e do Eldo que são os pilares na estrutura do Audax do Vale desde antes da primeira edição, muitos outros aderiram depois, mas para não esquecer ninguém não vou citá-los.
Sobre a (in)segurança de pedalar na estrada de terra:
- O acidente que poderia ter tidos maiores consequências na prova de domingo, aconteceu na BR386 quando um speedeiro caiu sobre a pista de rolamento após "atroplear um filhote de tartaruga". Eu prefiro que esse cara caia na estrada de terra a 15km/h do que na 386 uns 20 metros à frente de um caminhão.
- Porque não usarmos a rota do Sol. Pior do que trafegar na 386 ou em estrada de terra é descer o acesso da rota do Sol até Imigrante ou fazer isso no sentido inverso. Sem fazer força se atinge 70km/h!!!! Imaginem um bando de ciclistas se enrolando naquela descida!!!! Eu não quero dar essa notícia para ninguém.
- Porque não usamos a Via Láctea. Só conseguimos utilizar a 386 pois fazemos isso bem cedo pela manhã, ou seja o roteiro teria que levar mais isso em conta já que o acesso a essa estrada é por essa rodovia.
- É muito mais perigoso trafegar pela RS 130 no trecho entre Arroio do Meio e Lajeado no fim de tarde do que pela estrada de terra. Na terra é só ter o veículo adequado na velocidade adequada ao trecho ou adequar a velocidade a inadequação do veículo escolhido :-). Na estrada de terra só existe um elemento externo ao ciclista, que é a estrada, na 130 é a estrada, os motoristas, as rótulas, os bêbados, ....
Para encerrar:
Os aspectos práticos de uma mudança de percurso são, no máximo, responsáveis por apenas 10% da discussão. O resto é pura filosofia, é como cada um encara a sua vida e tudo que o cerca. E isso só pode ser resolvido ao redor de um barril de chope. :-)
Tenho certeza que os 2 últimos ciclistas a completarem a prova, no caso os meus amigos Jonas e Dotto, estão hoje tão ou mais felizes do que quaisquer outros. O Jonas, porque conseguiu terminar uma prova que achava perdida e ter tido o prazer de conhecer o Dotto, e o Dotto por ter conseguido ajudar mais uns quantos ciclistas a terminarem a prova. E os dois, mais do quaisquer outros, poderiam reclamar da estrada de terra.
O Dotto está se tornando uma lenda como o Bagatini já é, pois já tem gente comentando em listas de discussão que em Lajeado tem um cara completamente maluco que reboca, empurra, conserta pneus, correias e tudo mais que for necessário para fazer o pessoal completar a prova. Para quem não sabe o Dotto disputa provas da FGC e é detentor de um dos melhores tempos em Audax 200, nada mais, nada menos do que 6:36!!!! Ou seja, ele arrumou um (ou vários) motivos para deixar sua speed em casa e ir com uma outra bicicleta (que não identifiquei qual é) e posso assegurar que ele fez mais força do quem chegou na frente.
...
Acho que as explicações são convincentes.
Durante a semana o mau humor deve voltar e com ele os posts sobre as homologações.